DE ‘O O BODE EXPIATÓRIO’, DE ARI RIBOLDI
APRENDENDO COM OS BURROS
Em qualquer lugar ou circunstância, ser chamado de burro é sempre uma ofensa. É o indivíduo desprovido de inteligência, ignorante, tolo, idiota, sem cultura, sem informação, com dificuldade de entendimento, obstinado, cabeça-dura. Prova disso são os técnicos de futebol: na vitória, ovacionados e exaltados; na derrota, o coro da torcida ecoa pelo estádio com os gritos de burro, burro, burro…
O burro (mulo) é um animal híbrido, resultante do cruzamento entre um burro e uma égua. A mula, resultante da cruza de cavalo com jumenta, normalmente é estéril. Burro, jumento, asno, jegue, são termos vulgares do Equus asinus, animal usado para atividades agrícolas e para transporte, cuja característica marcante são as orelhas compridas.
Há três versões que explicam por que esse animal ficou com a pecha de pouco inteligente: em latim, burrus quer dizer vermelho, ruço, encarnado. Antigamente, os dicionários tinham capas vermelhas, o que pode ter levado à ideia de que a pessoa que recorresse a esse livro era curta de inteligência. O dicionário ficou conhecido, no meio popular, como amansa-burro. Conta uma história que antiga moeda tinha a estampa de um rei não muito esperto e com uma enorme cabeça, semelhante à de um burro, o que teria levado à infeliz associação entre o bicho e a falta de inteligência; a terceira versão está vinculada à lenda grega do rei Midas, que por tolice contrariou o deus Apolo, tendo por isso recebido como castigo enormes orelhas de burro.
Coitado do bicho! Levou a fama de forma injusta e cruel. Burros, jumentos, mulas, asnos, jegues e similares prestaram e vêm prestando relevantes serviços à civilização humana e têm poupado o homem de pesados trabalhos. É preciso reconhecer a importância deles e render-lhes justas homenagens.
AMANSA-BURRO E O PAI DOS BURROS
Nome popularmente dado aos dicionários.
Em latim, “burrus” significa ruço, pardo, avermelhado, encarnado. Eis a versão mais citada sobre a origem dessa expressão:Antigamente, os dicionários vinham impressos com capas vermelhas, o que gerou uma confusão entre o significado do adjetivo latino “burrus” com o animal chamado burro, associando este último à ignorância, a pouca inteligência. Para o povo simples, quem recorre a um dicionário o faz por ignorância, o que é um preconceito. Quem pagou o pato com isso foi o pobre burro, sempre tão dócil e trabalhador.
ESTAR COM O BURRO NA SOMBRA
Estar com o burro na sombra é viver bem, na maior riqueza; ser bem-sucedido nos negócios a ponto de não precisar mais trabalhar; ter a vida mansa, com fartura, sem preocupações de ordem econômica.
Sujeito em tal situação, em tempos mais antigos, podia deixar o burro sempre na sombra. Não precisava mais dele para a lida diária. O animal era companheiro do homem nas atividades agrícolas, bem como meio de transporte de cargas para troca e comércio.
Ari Riboldi é Técnico em Assuntos Educacionais e professor de Língua Portuguesa e Literatura, com especialização em Literatura Brasileira – email: aririboldi@terra.com.br Website obodeexpiatorio.com.br
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