HISTÓRIAS NA JANELA – CHRISTINA CIDADE DIAS, LENICE GOMES, MARÔ BARBIERI E MILENE BARAZZETTI
As palavras, desde os primeiros tempos da humanidade, sempre foram instrumento de encontro: entre povos, entre tempos, entre ideias. Guardar palavras na fala, rimar para memorizar, escrever na pedra para não esquecer. Guardar para libertar. Talvez essa seja a motivação de toda a escritora. Vivemos a fantasia de escrever para eternizar, para promover encontros a partir da mágica de colocar ideias sobre o papel, na fala e nas imagens.
Foi assim que construímos esse projeto, cada uma da sua janela, acreditando que as palavras poderiam abrir uma fenda de encantamento que pudesse nos motivar a seguir e ajudar outras pessoas a encontrarem suas próprias palavras e falar, cantar, escrever, compartilhar.
Todo o dia escrevemos um pouquinho para diminuir a distância do momento e assim nos encontrávamos nesse mundo que os poemas guardavam
Foi a oportunidade que tivemos de viver o que a literatura promove: um hiato de beleza, um intervalo entre a corrida da vida e o passar do tempo.
Nunca estivemos tão distantes e nunca nos encontramos tanto. Deixamos aqui alguns de nossos poemas, cada uma de nós escolheu um para vocês leitores da revista:
Chris Cidade Dias
Há tanta morte
Tanta
Que o seu tamanho
Tomou conta do mundo
Largada e esquecida
-sinto não vejo ainda –
Deve haver
Um tantinho de vida.
Lenice Gomes
De janela em janela
Uma revoada de palavras
Iluminam a Marcolina
Olhando lá longe
A chuva chicotear o mar
(A visão da beleza durou pra sempre)
Marô Barbieri
Nem porta
Nem janela
Minha casa é o que mora
Dentro de mim.
Milene Barazzetti
Enxergo através de telas de proteção
Assimetria que me faz perder a razão
Lá fora está cinzento
Sabiás cantam
Galinhas cacarejam assustadas
E o Bem-te-vi vê
Um carro passa apressado
Perco…
O rumo do verso
O versar dessa história.
POESIA Christina Cidade Dias Lenice Gomes Marô Barbieri Milene Barazzetti