PALAVRA PUXA PALAVRA – ERICO VERÍSSIMO EM CONVERSA COM ROSA FREIRE D’AGUIAR

A etiqueta mais elementar não recomenda que se faça gentilezas com o chapéu alheio, mas e quando se trata de informação de interesse público? Bem, nesse caso, recomenda justamente o contrário, que se trata de um dever informar aos leitores de Erico Veríssimo, antigos e novos, que a Companhia das Letras acaba de disponibilizar sem qualquer custo a histórica entrevista que a escritora e tradutora Rosa Freire d’Aguiar realizou com Erico no ano de 1973, por ocasião dos seus quarenta anos de carreira.

A jornalista veio do Rio de Janeiro encontrar Erico em sua casa, na Felipe de Oliveira, em Porto Alegre, a fim de recolher as reflexões de Erico quanto ao seu trabalho e a sua percepção do mundo àqueles dias, para ser publicada na Revista Manchete. Com 67 anos de idade, Erico estava prestes a lançar seu livro de memórias, Solo de Clarineta, e Rosa preparou uma série de perguntas para uma entrevista que durou quase dez noites e por meio da qual foi possível saber finalmente como o escritor com “cara de índio”, de acordo com ele ele mesmo, pensava sua biografia e seu trabalho, a essa altura difundido em muitos lugares do mundo.

Seria bem estranho se aqui me alongasse mais em apresentar um livro que resulta de um trabalho com tanto tempo de existência. Explica-se: a intenção é demonstrar o quanto a própria entrevista consiste numa arte e também o quanto sua executora esmerou-se, ainda estudante, em realizar um trabalho que se tornou histórico e por meio do qual se obteve respostas marcantes de Erico quanto ao seu trabalho literário e compreensão do mundo.

A entrevista deixa ver o mesmo Erico tão bem conhecido dos gaúchos, reservado, silencioso e obstinadamente ocupado com a sua capacidade ímpar de trabalho, que rendeu ao púbico leitor obras como o O tempo e o vento, Olhai os lírios do campo, Incidente em Antares e outras tantas. Mas, sobretudo, a entrevista deixa ver o ser humano e a sua formação como autor, suas preocupações éticas e históricas.

Além de encontrar-se na entrevista a sua ideia mais política quanto ao trabalho do romancista, “Acho que a missão política do romancista é esta, de fazer luz sobre as injustiças sociais, mostrar a crueldade ou desonestidade dos governantes, denunciar as atrocidades e jamais desertar o seu posto. Se não possui uma poderosa lâmpada elétrica, que use o seu lampião, um candeeiro, um toco de vela…”, vê-se em detalhe como nunca o sujeito por detrás do escritor. Rosa Freire d’Aguiar fez, aos seus dezenove anos, mais que uma entrevista histórica, fez luz ao homem que iluminou tudo isso.

Detalhes do produto
Formato: eBook Kindle
Tamanho do arquivo: 2815 KB
Número de páginas: 39 páginas
Editora: Companhia das Letras (27 de novembro de 2019)
Vendido por: Amazon Servicos de Varejo do Brasil Ltda
Idioma: Português
Preço: R$ 0,00

NÃO-FICÇÃO

3 comentários Deixe um comentário

  1. muito obrigada a vocês por divulgarem essa entrevista que me abriu o apetite para várias outras que pude realizar, na França, com escritores. Cordialmente, Rosa Freire d’Aguiar

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