‘A TRISTE BALADA DOS HERCULÓIDES CONTRA AS LEIS TERRENAS (UMA POEMÁTICA POP-BARROCA)’, DE ODEMIR TEX JR
Por Emir Rossoni
A triste balada dos Herculóides contra as leis terrenas (uma poemática pop-barroca) é um livro de poesia. Mas, para mim, neste 2020, foi bem mais que isso. O livro de Odemir Tex Jr., lançado lá no finalzinho de 2019, foi uma das obras que mais dedilhei, que mais espiei, chafurdei e quase literalmente devorei em momentos de fome esquisita. O livro abasteceu essa alma tão insegura num ano que queremos não repetir. Mas se não quero repetir o ano, quero repetir a leitura desses versos e dessas imagens que me serviram de combustível. Passagens como “- Platão, não seria hora de expulsar/ os poetas do esquecimento?/ Dar-lhes as capas da Manchete e da Times,…” ou “O que foi dito até aqui precisa ser esquecido,/ seja por tiro de bala perdida ou por compaixão.”, ou ainda “Cada homem traz dentro de si/ toda uma época,/ do mesmo modo que cada onda/ traz dentro de si todo o mar.”
Eu não estou aqui para dizer que um livro é melhor que o outro, nem que um deles foi mais importante. Toda leitura importa, mas há algumas que, por conjunções do universo, afloram de forma mais intensa nossa sensibilidade. E talvez seja essa conjunção, que num ano fatídico, me fez salivar e me arrepiou de forma inusual. Como diz a orelha do livro “…é preciso coragem para fazer um encruzamento deste com a sobrecarga barroca presente na cultura pop do séc. XX… Os Herculóides é uma série animada que surgiu no final dos anos 1960… Alegoricamente, como heróis impossíveis e impermanentes, eles orientam a temática provocativa e imagética desta obra.” No fim, talvez fosse essa a leitura que eu mais precisasse em 2020. Provavelmente, a que eu continuarei revisitando no ano que vem. E, para encerrar, o último verso do poema Kanto del amor mayor a Cláudia Ohana (transdelirado al portunhol selvagem por Douglas Diegues) “Cláudia, ninguna mujer es uma boneca inflàbelle!”
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