‘CLANDESTINIDADES’, DE MARCOS MANTOVANI
Por Lúcio Humberto Saretta
A princípio, o título do romance Clandestinidades (Ed. Virtua, 2020), de Marcos Mantovani, soa como um neologismo. Na verdade, a palavra é apenas o plural de um substantivo feminino existente, embora seja também um claro sinal da originalidade estilística do autor.
De fato, Mantovani mostra competência para construir e conduzir a narrativa do romance, que tem como pano de fundo o desastre aéreo do voo 447 da Air France, ocorrido em 2009. As relações afetivas do personagem Rui, um enfermeiro que vive em Porto Alegre, especialmente aquelas com o seu pai, mas também com seu irmão (uma das vítimas do acidente) e sua namorada, são o aspecto mais latente da obra.
A melancolia da cidade e das próprias relações afetivas impregnam a alma do personagem, e às vezes certos laços parecem difíceis de serem resgatados, lembrando os corpos afivelados no interior do avião que jaz no fundo do mar. Mas, como bem disse Stephen King, a tarefa da ficção é encontrar a verdade dentro da teia de mentiras da história.
Nesse sentido, o autor gaúcho desponta como alguém criativo e empenhado em seu ofício. Clandestinidades foi uma leitura agradável, mas não fácil, que me acompanhou durante o início da pandemia e confinamento.
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