‘HOMEM INVISÍVEL’, DE RALPH ELLISON
Por Luiz Mauricio Azevedo
Para além da pandemia de COVID-19, que varreu vidas, afetos e ilusões, o ano de 2020 ficou marcado pela nova edição brasileira de Homem Invisível. Publicado inicialmente em 1952, essa obra de Ralph Ellison alterou a configuração da literatura afroamericana, e é um dos epicentros da cultura estadunidense, sendo admirada por muita gente relevante: de Barack Obama a Harold Bloom. A história de um protagonista sem nome, que descobre ser invisível por causa do racismo, ainda hoje é uma poderosa metáfora sobre a questão racial nas sociedades ocidentais. No Brasil, o livro permaneceu inédito até 1990, quando a Marco Zero o trouxe para o universo nacional, em uma edição que rapidamente tornou-se objeto de culto em sebos e rodas literárias. Em 2013, depois de um longo período com a obra esgotada, apareceu a edição da José Olympio, com tradução de Mauro Gama. A edição de 2020 preserva essa tradução, mas traz novo projeto gráfico e paratextos de Gabriel Trigueiro e, bem, de Luiz Mauricio Azevedo.
Em 2012, quando escolhi Ellison como meu tema de estudo do doutorado, percebi que havia uma espécie de vazio na recepção de sua obra por aqui. Passei então a me dedicar sistematicamente a produzir resenhas, textos, novenas, ladainhas e comícios sobre o livro. Em todo lugar que ia, procurava falar dessa obra, beirando o limite da sanidade mental e do equilíbrio crítico. Eu bebia, comia e suava invisibilidade. Por essa razão, jamais poderia deixar de considerar essa a publicação mais relevante de 2020, o ano em que Ellison começou a ocupar o espaço que merece, em um país que talvez nem mereça boa literatura – embora necessite tão desesperadamente dela.
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