‘MARROM E AMARELO’, DE PAULO SCOTT
Por Luís Augusto Farinatti
Entre muitas boas leituras de 2020, destaco Marro e Amarelo, de Paulo Scott.
Federico é um sociólogo nascido no final da década de 1960, em Porto Alegre. Foi fundador do fórum social mundial. Nascido em uma família negra, ele tem a pele mais clara que a do seu irmão, Lourenço.
Federico é chamado para compor a comissão de aferição das cotas raciais, em Brasília, em 2016. Logo depois das primeiras reuniões, ele recebe um telefonema. Sua sobrinha foi presa, em Porto Alegre, por portar um revólver em uma manifestação em defesa de uma ocupação urbana. Esses eventos disparam a lembrança de fatos decisivos acontecidos em um dia distante do início da década de 1980, cujas consequências não cessam de acontecer.
Uma de nossas maiores desgraças, o racismo brasileiro, é tematizado de modo contundente e com uma funda exploração literária de sua complexidade.
No espaço, uma geografia de Porto Alegre construída a partir das memórias e vivências de jovens negros no bairro do Partenon, mas também em territórios urbanos com outras configurações sociais.
No tempo, duas histórias entrelaçadas. Uma delas corre para frente, no presente, englobando vários dias. A outra corre para trás e se passa em um único dia, no passado, ou na memória. Porque há dias que permanecem.
A construção de cenas é um dos pontos fortes do livro. Várias delas não me saem da memória. Não as descrevo aqui. Ao invés disso, prefiro recomendar a leitura. Vale muito.
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