‘MINHA LUTA’, DE KARL OVE KNAUSGARD
Por Maria da Graça Rodrigues
Atendendo ao prestigioso convite da Revista Sepé para recomendar uma leitura que eu tenha feito neste ano de 2020, escolhi a série de seis livros do escritor norueguês Karl Ove Knausgard: Minha Luta.
Por que recomendo a leitura destas mais de três mil páginas de um autor nem tão conhecido assim? Respondo: porque Karl Ove Knausgard traz algo novo em literatura. No primeiro volume, A morte do pai, o leitor perceberá que está diante do diferente de tudo o que já tenha lido até o momento.
E, no caso particular daquele leitor que frequentou oficinas literários como eu, tenho certeza que ele vai sair logo se perguntando: então tudo aquilo que meus mestres da escrita me disseram estava errado? Aquela história de ficar horas e horas trabalhando no texto para tirar excessos, eliminar o que não é importante para o drama e para a trama criada, tudo isso se trataria de uma grande perda de tempo?
Calma, caro amigo, não é bem assim, um texto enxuto continua tendo seu valor, mas acontece que aí se encontra a originalidade deste norueguês. Ele consegue fazer boa literatura deixando as palavras saírem em cascatas, sem limites, sem nenhum freio.
Para terem uma ideia, ele consegue deixar interessante uma cena em que, junto ao irmão, chega à casa da avó meio demente pela idade e pelo álcool e, apavorados com a situação constatada resolvem dar um banho na avó e fazer uma faxina na casa. Esta tarefa ocupa mais de dez páginas onde ele vai narrando desde a lista de itens de produtos de limpeza que deverão comprar no supermercado até os detalhes de como tirar com esmero o limo de uma banheira que não via um esfregão há meses. Em outras mãos isto seria algo tão enfadonho a ponto de restar ao leitor somente a alternativa de fechar o livro, mas Karl Ove Knausgard consegue a mágica de nos pegar pela mão e nos conduzir através da trilha da boa literatura desde o primeiro até o sexto e último volume do Minha Luta.
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