‘O BUDA NO SÓTÃO’, DE JULIE OTSUKA
Por Michelle C. Buss
“O buda no sótão” (Grua, 2014), premiada narrativa da nipo-americana Julie Otsuka, é um convite para repensarmos sobre a história da imigração japonesa nos Estados Unidos. Com uma escrita fluída e matizada por imagens poéticas, Otsuka nos faz mergulhar em retalhos de pequenas narrativas que se intercruzam costurando um grande mosaico de vozes femininas. Nesse romance, os desafios, intempéries, dores e descobertas, inerentes ao processo de imigração, são protagonizados por mulheres que tem suas histórias contadas através de uma voz coletiva que enumera os mais diversos episódios da vida dessas personagens, desde a partida no Japão até sua vivência nas terras estadunidenses. A escrita de Otsuka é potente e inovadora tanto pelo quesito da estrutura narrativa quanto pelo olhar sensível e profundo depositado nas inúmeras personagens, como também, por trazer à tona um recorte pouco abordado em se tratando de literatura sobre imigração: como as mulheres imigrantes perceberam e vivenciaram o processo imigratório? Esse processo foi consensual ou dominado por mecanismos de imposição, opressão e preconceitos?
“O Buda no sótão” é um livro magnífico, uma obra maravilhosa a qual marcou meu 2020 com profundas reflexões e com a provocação que não cala: “que história é essa que nos contaram? Essa é a verdadeira história? De onde vem essa voz que por anos a fio acreditamos ser a única verdade?”.
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