‘PALAVRAS PARA ESTRANGULAR SILÊNCIOS’, DE EDELSON NAGUES
Por Vitor Simon
Quando vi o título, pensei de imediato: mas por que os silêncios devem ser estrangulados? Na leitura dos poemas, veio a resposta: para que falem, para que digam aquilo que escondem. E isso nem sempre é um processo indolor. Muitas vezes, há que se agarrar o verso pelo pescoço. O livro todo tem um tom de revelação, algo que se confirma em suas quatro Aletheias, cada uma delas fechando um capítulo. A verdade é convidada (ou coagida?) a vir à superfície, ainda que gere horror e desespero. Talvez nada combine mais com 2020 do que isso. A técnica usada pelo poeta mato-grossense radicado em Brasília, Edelson Nagues, é impecável. O ritmo perfeito, o uso parcimonioso das aliterações e outros recursos linguísticos, o equilíbrio e, enfim, a simplicidade. Sim, porque um texto bem acabado não precisa ser complexo. Pode e deve mergulhar um tanto mais fundo no léxico, mas sua leitura por fim é leve. Há todavia quem discorde disso e que bom que há. Que mais posso dizer? Não tenho competência para afirmar que Edelson é um dos melhores poetas brasileiros da atualidade. O que posso concluir, sem receio, é que seu livro está entre os melhores que eu já li. E olha que eu já li muita coisa boa.
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