‘POESIA COMPLETA DE EMILY DICKINSON’, TRAD. DE ADALBERTO MÜLLER
Por João Antônio Soares Neto
No Brasil, a obra de Emily Dickinson (1830-1886) teve suas primeiras traduções em 1928, com Manuel Bandeira. Desde então, diversos tradutores e poetas traduziram esparsamente seus poemas, dentre os quais Cecília Meirelles, Décio Pignatari, Olívia Krähenbühl, Mário Faustino, Paulo Mendes Campos, Ana Cristina Cesar, Aíla de Oliveira Gomes, Isa Mara Lando, José Lira e Augusto de Campos.
Em geral são traduções parciais, de seleções de uma extensa obra que, agora no esforço editorial das editoras da UNICAMP e da UNB, encontrará uma versão completa pelas mãos do professor, poeta e tradutor Adalberto Müller. Por enquanto em seu primeiro volume, a edição traz muitos requintes, como as traduções à margem das alternativas que a própria poeta estado-unidense pensou para os seus os poemas. Para 2021, é projetada a publicação do segundo volume que completará a primeira edição total da sua obra em língua portuguesa, em torno de 1900 poemas.
Poeta póstuma, praticamente inédita em vida, logo que publicada Dickinson foi reconhecida imediatamente como uma das grandes modernizadoras da arte em verso, ao lado de nomes do simbolismo e dos movimentos vanguardistas já do séc. XX, como Stephane Mallarmé e outros poetas canônicos. Poeta reclusa por excelência, Dickinson escrevia para a posteridade e isto aparentemente a salvava de qualquer pressa em relação a um projeto literário. Sem dúvida, escrevia por necessidade própria e não por encontrar eco editorial ou o reconhecimento. É desse modo que sua vida e sua poesia se confundem numa pessoa misteriosa, de uma mística muito íntima.
É minha recomendação como um dos principais e mais belos livros do ano de 2020. E especialmente por representar, antes e para além de qualquer aspiração pessoal, um encanto devocional inigualável pela arte poética em si mesma que o trabalho esmerado de Adalberto Müller agora proporciona ao leitor brasileiro.
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