‘TORTO ARADO’, DE ITAMAR VIVEIRA JÚNIOR
Por Maya Falks
Como resenhista, tenho acesso a um número gigante de livros maravilhosos – no meu caso, todos de literatura brasileira contemporânea – e certamente gostaria de indicar dezenas deles, mas como o desafio é justamente escolher um livro, escolho aquele que não apenas me marcou profundamente, mas que tem sido unanimidade entre todos que conheço que já tiveram acesso a ele.
Trata-se do romance Torto Arado, de Itamar Vieira Junior. O romance foi publicado inicialmente em Portugal, onde o autor baiano foi contemplado com o Prémio LeYa em 2018, sendo lançado no Brasil no ano seguinte, pela editora Todavia.
A história é dividida em três partes, sendo as duas primeiras narradas pelas irmãs Bibiana e Belonísia (uma parte para cada) e a terceira por uma entidade. Na obra Itamar retrata um Brasil que quase ninguém vê. A escravidão moderna disfarçada de trabalho onde famílias vivem em grandes fazendas para garantir as plantações dos fazendeiros ganhando em troca uma porcentagem do que fosse plantado no quintal da própria casa, uma faixa de terra pré-determinada onde poderiam construir casas de barro, para que as mesmas de desmanchassem com o tempo e não dessem aos empregados qualquer noção de propriedade.
O romance traz diversas nuances dessas pessoas, dos mais acomodados com a situação aos revoltados, o conflito de gerações, a relação com as religiões e, claro, a história das duas irmãs que habitam esse universo cada qual com sua experiência única.
O livro ainda conta com uma narrativa fluida, desenvolvida à maestria pelo autor.
Até o momento em que esse texto está sendo escrito, Itamar é finalista do prêmio Oceanos e Jabuti, sendo um dos mais cotados para vitória em ambos.
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