‘UM SOL DE BOLSO’, DE JOÃO FILHO

Por Mariana Machado de Freitas

Se 2020 nos privou de muitas coisas, lugares e pessoas, também nos deixou à sombra, resguardados da luz do astro que sempre foi símbolo de vida. Mas foi curiosamente neste ano antissocial, asséptico e sombrio que encontrei no mar das redes sociais — esse mar outro, igualmente inesperado — um nobre poeta e um outro sol, “Um Sol de Bolso”.

O livro “Um Sol de Bolso” (2020), do baiano João Filho, traz a assunção da sina do olhar decidido a absorver as suas circunstâncias e devolver à realidade o fruto de sua observação amorosa. Mas amar o que é, sem escapismo atenuante, arde como um deserto. “É flor, mas a candura também mata”.

Revisitei meus dramas íntimos em suas imagens perfeitas, como “Podemos naufragar dentro de casa / à mesa do café, num feriado” e “Agosto, é sempre agosto quando morro, / doer é um sol que não tem sombra”. E também recolhi pequenos bálsamos fortuitos, alargados em imagens revigorantes como em “A amendoeira discursando pássaros”, “a suavidade firme de estar vivo”, “o instante mais ordinário, / em toda uma vida, / pode ser o ápice.”

Li este livro como quem cata conchas, relíquias da praia, como quem caça versos, verbo impresso. “Poucos poemas nos ajudam a viver, / são claros como o rosto que amamos (…) / esses poemas nos ajudam a morrer.”

Leia mais da autora na Sepé.

🛒 Clique e encomende o seu exemplar

POESIA

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: