‘VILA SAPO’, DE JOSÉ FALERO
Por Rochele Bagatini
Em uma das epígrafes do Sagarana, de Guimarães Rosa, há a história infantil de Grey Fox que diz “For a walk and back”, said the fox. “Will you come with me? I’ll take you on my back. For a walk and back again”. É isso que José Falero faz em Vila Sapo (Venas Abiertas, 2019), ele nos leva para dar uma voltar, uma volta pela periferia de Porto Alegre, de onde não voltaremos os mesmos.
Vila Sapo é o primeiro livro do José Falero, e foi minha apresentação ao autor, que já considerei enorme. O livro tem seis narrativas curtas (algumas bem impactantes) e o autor encontra espaço para experimentar desde um tipo de linguagem mais formal até a linguagem coloquial da periferia, pano de fundo de todo o livro. Aliás, a periferia é mais um dos personagens do livro, que compõe, junto com a linguagem interior pulsante dos personagens, um retrato cruel – e fiel – deste mundo em que o autor vive, e busca inspiração para a escrita.
O narrador do conto “Um otário com sorte” a define como um lugar em que “a vida tá fora de moda”. Falero foge da reificação dos seus personagens, sendo muito redutor dizer que se trata de um livro sobre violência, porque anuncia com igual importância: afetos, amor, sabedoria e filosofia. E falando em Falero, digo que fiquei igualmente (ou até mais) perturbada com o conto “Com a palavra, o psicopata”, que faz parte da antologia Contos de Psicanálise (Diadorim, 2020). Um autor potente, e contundente, em ascensão.
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