3 poemas de Daniel Ricardo Barbosa
Memória
Talvez você saia pela porta
daquela casa estreita bege
A madeira o vidro da saída
atrás de grades uma janela
Fora uma funerária me lembro
faz tanto tempo prédio ao lado
Depois marmoraria faz sentido
não!, não faz sentido nenhum
Saia depressa!, me dê as mãos
Era outra época cá me sentei
era dia de feira tocava música
senhor ao lado chorava chorava
porque ninguém lhe deu nada
chiclete uma bala uma escada
E você não me dará as mãos
não sairá detrás das grades
não mora ali no bege da casa
eu não sei em qual estreito você está
talvez um dia me escorra pelo rosto.

Solidão
São tantos os apartamentos
quantos andares
ilhados
hiatos
Lá no alto se escuta
os latidos?
Lá no último se ouve
o assobio?
É Macarena a canção ou
seria Dustin in The Wind?
É poodle o cão ou um novo
outro cruzamento de raças?
Tudo poeira, Tudo poeira,
Não há imagem perpétua
O infinito numa fotografia
Uma lágrima, um sorriso,
Sopro consome tão rápido
E isolado
o condômino
chegou a existir?

Segunda-feira
Acorde cedo, amor
Venha vamos passear
A lagoa está poluída
O céu enfumaçado
Mas temos nossos sorrisos
Olhos de observar pássaros
Mãos de alimentar gatos
Peitos abertos, Almas serenas
Ali há tanta sede fome
ganas de secar o prazer
vontade de acabar com tudo
não!, não os deixem nos ver
Talvez eu me deite
Não se levante, amor
A cama, hoje
me parece
uma boa.
Daniel Ricardo Barbosa é natural e residente em Uberaba-MG. É autor dos livros “Elo, Entrelinhas e Alucinações” e “Os Nomes na Máquina”. Participou de 7 antologias poéticas, prepara a publicação do seu primeiro livro solo de poemas, além de publicar através dos seus perfis pessoais do Facebook e Instagram, através dos quais poderá ser contatado.
