1 poema de Iolly Aires
quantas marias
promessas
mas ao fundo
um grito
ouvidos feitos daquele grito
um afago
transforma-se em
um tapa
pescoço feito de mãos
que sufocam
buraco negro na órbita
olhos sem face
olhos e ouvidos que vigiam por dentro
o que faz um animal
permanentemente
ameaçado
dispara golpes no ar
no nada
numa tentativa de defesa
até entrar em estado
letárgico
porque é o alvo da violência
o corpo repele
projeta-se para fora
em suspensão
encontra
um local onde não o podem atingir
não mais lágrimas
não mais tremor
em sua voz
até as lágrimas nos abandonam
estranhamente calmo
dizem que a besta fareja o medo
isso a faz avançar
mas se a olharmos fixamente
ela recua
olhe-a nos olhos então
veja
o quanto é
insignificante.
Iolly Aires, Planaltina-DF. Estudante de Letras e revisora de textos. Possui poemas e contos publicados nas revistas LiteraLivre, Cultural Traços, Toma Aí Um Poema, La Loba, Paranhana Literário e Zine Marítimas. Participa do projeto Habeas Liber, da UnB, que visa incentivar a leitura. Colunista no site Valkirias. @dissolvendoempoesia.
