5 poemas de Everton Cidade
TIPO
Estrela guia
De galhos
Guirlandas
Nossos joelhos
Dobram
Sinos badalam
A performance do asno
Nos supera.
Espera!
Eis as demandas.

PAUL NEWMAN
Era tudo inocente.
Até chegar a gente.
Para destruir os nomes
E tomar a frente
Das feiras e das festas.
O rosto sombrio
Aparou as arestas
Sem soltar pio
Ele soma o drama
E some entre drones
Afiando fios de fome
Para morder o amarelo
Até que fique vermelho
E sacie sua garganta
De zelo e conselhos.

XANADÚ
Arvore ótica
Alma da mesma alma
Processo fractal
Para o indeciso calma
Para o carismático
Pé atrás prático
Preâmbulo sonâmbulo
O fogo da vida
Como ciúme frugal
Torpe miúdo multiplica
Em peito e fica
Até desvanecer sonrisal.

CÃS
Bater cabeça
Subir o paraíso
Embriagado
Pregando peça
Na linguagem
Da vertigem
De pai e mãe
Banho do bem
Foi
Se quisera
Sem casca
Para ser cratera
Para abalar
Quem
Nos for avaliar.

CARNACOMÉRCIO
Imagens subjetivas
Sem objetivos
Carinho é aquilo, filho
Que aparece
Nos comerciais
E não têm na prece
É o contrário de pressa
Que também é um deus
Domesticado e zen
Mas só para quem regressa
Aos seus.
Everton Luiz Cidade nasceu em Novo Hamburgo. Renasceu e se criou na Cohab Feitoria de São Leopoldo-RS. É músico experimental e escritor. Atua no underground desde os anos 90 com shows de suas bandas, leituras de poesia improvisadas e publicando zines. Publicou os livros Santo Pó/p (MAKBO Editora), QuiÓ (oVo e GoDie), Bonde Transmutóide (Vibe Tronxa Comix), ApareCida (Meu Santo Vendedor) e Cohab Goya (Folheando). Divulga seu trabalho e o de outros artistas locais na Glingy, um importante ponto de cultura da cidade de São Leopoldo.
