5 poemas de ‘MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA’, por Armando Severo

Os poemas integram o livro Manual de Sobrevivência,
publicado pela editora Bestiário em 2022.

VIDE BULA

Ele contava os dias conforme prescrição médica.
Media em comprimidos o tempo e não olhava mais pela janela.
No fundo sabia que, sendo sol ou chuva, mais tarde isso não importaria.
Contava os dias sem os ter vivido.

NA FOLHINHA

Entristeço na medida em que percebo
que quase nunca é Natal, no Natal.

ATO CONTÍNUO

A cada queda eu junto o que sobra,
a cada sobrevida eu me preparo para
a nova queda. Essa teimosia, essa
persistência, essa ciranda
molda um novo eu. A cada queda,
um recomeço. Um resgate dos pedaços
que me formam e reformam.

MATURIDADE

Olhar no espelho e saber o motivo de
cada mudança gravada no rosto.
Saber que o tempo cobra pela nossa
permanência neste plano.
Aceitar o inevitável, sem revolta.

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA

Dizem que não devo gritar, devo calar,
desviando os olhos daquilo que dizem
que não devo. Dizem que tudo passará.
Mal sabem, que eu passarei por eles.

Armando Steglich Severo, 55 anos, é natural da cidade de Taquara, onde é funcionário público por concurso e poeta por resistência. Faz parte da Ordem da Confraria dos Poetas onde em 1999 teve cinco poemas selecionados para a Coleção Poética – Coletânea da Ordem da Confraria dos Poetas, Editora SHAN – Porto Alegre. Ainda em 1999 lançou seu primeiro livro de poemas intitulado “PULSAR” numa edição independente. Em 2000 teve um poema selecionado para compor a Coletânea TIMOR Esperança da Ordem da Confraria dos Poetas, Editora SHAN. Foi um dos vencedores do Concurso Poemas no Ônibus edição 1999/2000 realizado pela Prefeitura de Porto Alegre através da Secretaria Municipal da Cultura – Coordenação do Livro e Literatura/SMC. Em junho de 2022 publicou o livro de poemas “Em tempos de reclusão” Editora PROVERBO – Maricá RJ, que conta um pouco da sua experiência após ter contraído a COVID-19. Por iniciativa própria, encomendou a transcrição para o Braille de 16 edições do “Em tempos de reclusão” e está distribuindo às Bibliotecas Municipais da região do Vale do Paranhana. É integrante da Diretoria e um dos idealizadores do CEAP- Coletivo de Escritores e Artistas do Vale do Paranhana.

POESIA

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