3 poemas de Eraldo Galindo

Canção de despedida

Quando o trem desaparecer na curva
e o sol poente morrer atrás da montanha
quando os ruídos da casa cessarem
e restarem apenas murmúrios de velhos
e fragrâncias de saudades
sairei de mansinho
até desaparecer na vastidão
do nada

Os relógios congelarão as horas
e rouxinóis deixarão no ar gorjeios
de despedida

Tudo é instante – bem sei

Alfa e Ômega

No começo
o útero
o choro
a luz
o espanto com o mundo
a vastidão da vida

Descobertas
aprendizados
passos à frente
quedas
recomeços

No fim
lentidão
perguntas sem respostas
desencantamento
distâncias
adormecimento
silêncio

A frágil chama

Quando eu for silêncio
e pó
a falta das coisas
que respiram
e se movem
doerá em mim

Tudo é instante
bem sei

Nunca quis a vastidão do eterno
apenas a vida breve
e as coisas pequenas

Não vejo outra luz maior
que a frágil chama da vela
ainda acesa
e a bailar

Para além dos meus olhos
o Mistério

Eraldo Galindo é escritor e professor da AESA/CESA/ESSA e da Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco.

POESIA

2 comentários Deixe um comentário

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: