3 poemas de Maximiliano da Rosa
setembro
ela tira a roupa, rebola
eles tiram
a
vida do menino, põe a culpa em quem quiser
tiro
no pé
retire-se para o retiro
tiro na rua
reator incandescente
retas
rótulos
rainha morta
o povo reza
a nós não importa
bandeiras: verde e amarelo e vermelho
grito do Ipiranga
telefone novo
nenhuma utilidade nova
a raiva do reacionário
o genocida
ainda genocida

vida
a vida é uma noiva sempre cansada
no final a gente casa mesmo é com a morte
e a benção é do destino, gozador como sempre

a mão esquerda
a mão
esquerda
do destino
me acalanta
e
o
homem encantado canta em meus ouvidos uma canção distorcida de
The Smiths
ou
ABBA
e eu escrevo
usando luvas por causa do frio
e do desconforto
meu intestino reverbera
enquanto me esforço para não dar um de poeta maldito
falido
empedrenido
fedido
Maximiliano da Rosa é natural de Novo Hamburgo e tem 48 anos. Participou de diversos concursos literários e obteve alguns prêmios e menções honrosas. Entre os mais recentes, está a classificação entre os finalistas do Concurso Contos da Quarentena (2020), do I Concurso Literário Escryba (2021). Tem poemas e contos publicados em diversas antologias literárias. Em 2020 publicou seu primeiro livro, a coletânea de contos “O Land Rover Negro e a Caixa de Drops”.
