A MULHERZINHA, por Adriana Bandeira

A mulherzinha espia. De olho, no canto da casa. Se não lavo, não cozinho, não passo, ela fala. E eu nunca passo, sem parar! 

A mulherzinha faz fofoca, em pensamento, me dá rasteira, envenena minha benzedeira. Ela é dura comigo, por dentro. Desconfia de mim se fumo, se bebo. E se não, desconfia que não sei estar no mundo. Ela espia meu sexo e comenta minha performance: putinha, fingida, submissa, dominatriz. São tantos nomes que ela diz! Gorda, comilona, magra!!! Mas louca, ah! Louca me faz louca sempre! 

A mulherzinha  sabe das coisas! Quando amo e entram em mim, a tal mulherzinha já está lá, antes que eu possa avisar que eu, euzinha, eu mesma, estou aqui. 

Adriana Bandeira é psicanalista, membro da associação Clínica Freudiana, São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Esteve a frente do projeto de humanização de um hospital 100%SUS, na cidade de Montenegro, nos anos de 2012 a 2017. Escritora, poeta, reside na cidade de Montenegro-RS. Autora de Chá das Cinco (editora AGE- 2005), livro de contos; autora dos contos: A Empregada e As cosias de minha mãe na coletânea da AJURIS- Bestiário-2010) e do livro de poemas Escritos de Calabouço ( editora Patuá-2018). Produtora Executiva do Projeto Uai, Tchê!, show que reúne a musicalidade de mineiros e gaúchos, contribuindo com a poética do encontro, roteiros e textos do show e vídeos.

FICÇÃO

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