Tag: Inéditos

De ‘SAL’, de Mar Becker

De “Sal”, lançamento de Mar Becker pela editora Assírio Alvim,publicamos o poema “Annes” e a apresentação de Lawrence Flores Pereira. A palavra em desabrigo: algumas notas sobre Sal, de Mar Becker Lawrence Flores Pereira* Diante de Sal (Assírio & Alvim, 2022) e da poesia de Mar Becker: é como, depois de uma longa viagem, ver…

Leia mais De ‘SAL’, de Mar Becker

5 poemas de ‘ENTRE MANDALAS, ESPADAS E UMA ESCADA CARACOL’, por Mariana Machado

DESALINHO Eu, que não sou nenhum grau 33dessas seitas políticas que exigemo beijo impresso atrás do Baphomet,a subserviência das palavrasde alminhas devotadas, cujos punhos,desvirginando nuvens, vêm proporbrindes de sangue e leite verborrágicos;como alcançar a condição de eleita?Eu, que não tenho sido a cidadãconsciente, e não conserto o mundo, e nãoseparo o lixo dos meus pensamentos;eu,…

Leia mais 5 poemas de ‘ENTRE MANDALAS, ESPADAS E UMA ESCADA CARACOL’, por Mariana Machado

EM DEFESA DA ALEGRIA (Mário Benedetti), por Sidnei Schneider

para trini Defender a alegria como uma trincheiradefendê-la do escândalo e da rotinada miséria e dos infamesdas ausências transitóriase definitivas defender a alegria como a um princípiodefendê-la do pasmo e dos pesadelosdos neutros e dos nêutronsdas doces infâmiase dos graves diagnósticos defender a alegria como uma bandeiradefendê-la do raio e da melancoliados ingênuos e dos…

Leia mais EM DEFESA DA ALEGRIA (Mário Benedetti), por Sidnei Schneider

1 poema de Juliana Meira

pedrinhas desbastadas pela água da sangaonde rodopiam girinos e tampasde cerveja                          longe alguma bolita só de bici se percorre essa seara compridaque dobra a ladeira com bergamota na cestaporque o que se move gira néon sempiterna memóriacaleidoscópio construído com sobrasdo que se tinha Juliana Meira nasceu em 1981, no interior do Rio Grande do…

Leia mais 1 poema de Juliana Meira

1 poema de Vera Ione Molina

EM TEMPOS DE LUTO Naqueles tempos antigosquando a família perdia um membroas mulheres surgiam vestidas de pretoda cabeça aos pésas crianças ouviam gritos e odiavam o falecidoSabe-se lá se as velhas obrigavam as meninas-moças a gritaros sons delas pareciam fingidos de tão agudoscomo se os homens amados tivessem partido para uma revoluçãoOs gritos das mães,…

Leia mais 1 poema de Vera Ione Molina

5 poemas de Lígia Savio

HÉCATE Só quem se desviou da rota principale pegou uns caminhos tortosé que pôde enxergaroutros céus, outras paragens,os azuis esverdeados,descoberta de um poetanavegando em barco bêbado.Também eu quisSentir o gosto das frutas interditasMe fui ou fui levada?Que dimensão era aquela?Entrava-se na íris das pessoase se via tudo por dentro,mente e coraçãoQue infinitos terríveis se abriram…

Leia mais 5 poemas de Lígia Savio

5 poemas de Giana Guterres

com quais palavras se deve escrever um poema?amor, dor, pássaro, florcabe tanta coisa na rima que não cabe na sonoridadefazer do poema uma cidadeonde há casas para todosonde a fome fica do lado de láonde todo mundo é digno de ler um poemaonde não faltam bibliotecas nem escolas.todo poema é uma utopiaem que habitam os…

Leia mais 5 poemas de Giana Guterres

SINAPSE, por Catia Schmaedecke

Do alto do penhasco Ivan podia vislumbrar a linha tênue no horizonte, uma divisão translúcida entre o céu e o mar que ali se igualava à sua estatura. Nas primeiras horas da manhã o vento soprava favorável e arrepiava-o da cabeça aos pés, trazendo consigo recordações da infância. A ideia surgira de repente à época…

Leia mais SINAPSE, por Catia Schmaedecke

4 poemas de Ines Lempek

Transição Acordo com os primeirossons da manhão canto do pássaroabre o céucomo se descortinasse o diacom seu bico cantador A noite se encolhecom ela tua presençarecolhida no meu sonho. Ao luar Na janela semiabertaa luz trêmula da veladança prá luana garrafa de vidroum líquido corde sanguetesão das uvascolhidas ao luar. Mantra O clarear do céuabre…

Leia mais 4 poemas de Ines Lempek

2 poemas de Cleber Pacheco

OBLIVION Esqueci os sons das palavras,Como consultar dicionários,Os nomes das borboletas. Hoje vigoram os ruídos,Os mergulhos dos afogados,A estridência dos espectros. Será preciso reconstituirA ingenuidade da ortografia,Os resquícios dos pergaminhos,A criação do alfabeto. Só então poderei nomearAs flores fecundadas no silêncio. DIMENSÃO Os olhos do felino veemAs franjas do invisível,Mesmo quando sonham,Ainda que indolentes,Os olhos…

Leia mais 2 poemas de Cleber Pacheco

3 poemas de Daniel Ricardo Barbosa

Memória Talvez você saia pela portadaquela casa estreita begeA madeira o vidro da saídaatrás de grades uma janela Fora uma funerária me lembrofaz tanto tempo prédio ao ladoDepois marmoraria faz sentidonão!, não faz sentido nenhumSaia depressa!, me dê as mãos Era outra época cá me senteiera dia de feira tocava músicasenhor ao lado chorava choravaporque…

Leia mais 3 poemas de Daniel Ricardo Barbosa

3 poemas de Sonali Souza

RELEMBRO Avó! Avó!Quando pego os fiosda linhae teço laços e nóscom a agulha de crochê que me destesvoltam a mimnós duas.Eu a teus pésadorando-te,teu silêncio negro,tua história de mansidão,de esquecimento de si,viva que estavasna sua descendência.“Olha a saliência!” PRAGA DO TIO BETINHO Seu filho da’zunha,seu filhote de cruz-credo,num vem si metê comigo,criar quizumba,que sou sobrinhade…

Leia mais 3 poemas de Sonali Souza

EU DESAPAREÇO, por Cristiano Fretta

(…)What I’ve feltWhat I’ve knownNever shined through in what I’ve shownNever beNever seeWon’t see what might have been(…)The Unforgiven – Metallica Questão das mais instigantes refere-se à quantidade de vomitados nas paradas de ônibus de Porto Alegre: difícil é vermos uma única parada que não tenha um amontoado de massa triturada e mal digerida na…

Leia mais EU DESAPAREÇO, por Cristiano Fretta

AMARE, por Catia Schmaedecke

Antigamente Porto Alegre era uma cidade murada cujo portão se fechava ao anoitecer para impedir a entrada de possíveis invasores através das águas, e abria-se nas primeiras horas do dia seguinte. Era o que aparentava à primeira vista, quando havia a escassez de chuvas torrenciais e consequentes cheias. Foi ali, às margens do Guaíba, que…

Leia mais AMARE, por Catia Schmaedecke

FUMAÇA, por Giovani Thadeu

Doralina, mais conhecida na vizinhança como Dora, é uma senhora septuagenária, aposentada, viúva, vivem ela e Fumaça no seu pequeno apartamento. Fumaça deve seu nome ao tom cinza do seu pelo e também ao seu comportamento onipresente e irrequieto, Fumaça está aqui, ali, lá e de novo aqui. Dora é uma senhora de baixa estatura,…

Leia mais FUMAÇA, por Giovani Thadeu

EXCALIBUR, por Milene Barazzetti

E passaram-se dias. Quando a luz voltou, depois desse tempo, foi o momento de despertar de Esmeralda. Acordou com as lambidas de seu gato, companheiro de isolamento. No início, com luz e internet funcionando, o isolamento foi saudável. Mas, depois de algumas semanas, alguns sistemas de gerenciamento de dados não conseguiram mais dar conta do…

Leia mais EXCALIBUR, por Milene Barazzetti

3 poemas de Marco de Menezes

pássaro, 1994 depois, bem depoisque meu amigo Luizse jogou do terraço do nosso apartamento,passamos a chamá-lo de homem-pássaroque era uma forma de rirmosde um assunto que não nos deixava mais tristes estava tudo previstoele, ou parte dele,já havia cortado os pulsos uma veze tomado umas pílulas outra vezmas isso a gente não sabiafoi o irmão…

Leia mais 3 poemas de Marco de Menezes

5 poemas de Jéssica Iancoski

ROLOS DE PAPEL FILME como ybásecando longe do pé dedos esticadospela ganância brancaformam uma linhado polegar ao mundinho movimentos de pinçaroubam a tangerinatentando extraira seiva interina sem que saibamrobôs descascamo firmamento frutos envoltos em etilenoenrolam horizontesem rolos de papel filme UM SÓ LAMENTO PARA O SOTERRAMENTO enquanto cipósse lançam do altodas copasbuscandoa semente pessoastrocam de…

Leia mais 5 poemas de Jéssica Iancoski

De ‘OLD PARR’, de Armando Moura Filho

Noite espichada Noite espichada,Dia que se recusa a chegar.A noite profunda é o meu habitat,Quando ela chega saio para as ruasDesertas, o lixo carregado pelo vento,Que posso ver até onde permite a neblina.Movimento-me por calçadasIrregulares e estreitas. Às vezes,Tropeço. Quase caio.Vejo luzes de bares quebradas pelaDensa bruma,Dentro deles só corações sangrandoDe solidão.Não é real, estou…

Leia mais De ‘OLD PARR’, de Armando Moura Filho

3 poemas de Ines Lempek

Refluxo das horas Havia um fogomornouma sombraocultaatrás das horasidas Um raio indiscretofulminando silênciosdiminuíao hiato No esconderijoa céu abertopalavras aqueciama pele Segredos reveladosa céu noturnona areia movediçauma estrada Olhos entreabertosa maré semeiacorpos renovadosno refluxo das horasidase vindas. Estiagem Entrego esse sorrisodobrado e guardadona caixa de fantasiasque o musgo do invernoesqueceu de cobrir a chuva metálicaacordou o…

Leia mais 3 poemas de Ines Lempek

5 poemas de Thamar de Araújo

Sinto que ficareià deriva.Mas desta veznão cristalizareias tempestades.Transformarei o além-marem marolassuficientementefrágeis,para eu repousar. Enquantoosustonãopassa, enquantoatristezanãocansa, intentarei novos altares.Amanhecerei outras.Carregarei flores,com cores inventadasque ainda nem sei,por lugares inimagináveis,onde escaparei.Anoitecerei eras.Reconhecerei poucas. Decantarei. “Tsunami” in “Memorial de Lilia.” Descobertas insensatas.Pequenos fracassos.Busco pontes movediças, inauguro naufrágiosde centenas de barcos de papelem dias ensolarados. Respiro por entre os cantosde…

Leia mais 5 poemas de Thamar de Araújo

5 poemas de Graziela Jacques Prestes

Inquietação Em que clarão me lancei?Tanto espaço entre o calado e o expressoUm universo metaversoDia e mente escrevo parágrafosInteirosMedo e razão apagam tudoQuerem o tempo em negaçãoA segura certeza do grande irmão Poros O amor descoberto em noite de lua cheiadegustado em cálice de vinhoexpande os corposapeia, gaucheque a solidão é vento de areia Jardim…

Leia mais 5 poemas de Graziela Jacques Prestes

5 poemas de Daniel Ricardo Barbosa

As Cinco Irmãs Ausentes estrelas, cruzeiro do sula bússola coração que vagueiaa respiração nítida condensadaacelerada como bater de palmasem espaço de engolir os sonos. Equilibre o que não pesameça a força do tempoescreva peça na escuridão. A cena é a que se repeteas crianças brincam, bolabarcos de papel, chocolateos lábios sujos de ranhomarcados pela terratudo…

Leia mais 5 poemas de Daniel Ricardo Barbosa

3 poemas de Iolly Aires

desidentificação convidaram-me a sentar à mesacom a condição de que me alienasse de mimapenas para comer as sobrasao invés de oferenda que alimentasse o meu serpor isso, começo a expelir a bílis da assimilaçãode um desejo alheio ao que me constituide um parâmetro alheio a quem sou. o quanto de mim foi perdidodesacreditado, esvaziado?quem é…

Leia mais 3 poemas de Iolly Aires

5 poemas de Mar Becker

Num fio I não importa o que eu diga das tuas mãos só posso amá-las como amopelo que não sei dizer amo tuas mãos ali onde elas calam no silêncio que guardam, intacto como o nomede um pássaro não catalogado II da tua boca não importa o que eu diga amo-a porque me escapa a…

Leia mais 5 poemas de Mar Becker

5 poemas de Carlos André Moreira

Profilaxia Esfrego as mãos até a pelePelando, desfazer seus nósE sabe-me a saibro e sabãoA pasta vencida das horasOs olhos nublados da areiavestígios de lágrima e póTateio nos vincos da faceo rosto antigo que não tenho Por mais que tome cuidadoMe corto todas as manhãsNo gume afiado do dia. Amarcord I Na cidade, vivia o…

Leia mais 5 poemas de Carlos André Moreira

3 poemas de Giulia Barão

A pedra Se eu fosse uma pedrapresa a uma parede marítimateria sentido o desejode me soltar e sair correndosem destino, mas contracorrentee também o medode afundar no esquecimentoe também o pesode abandonar um continente. O rio Quisera esfacelar meus ossossem morrere sair pelo mundoarrastando-me, sem pressatoda sangue e biomassaamorosa, pareceque a doçura é líquidae o…

Leia mais 3 poemas de Giulia Barão