Por Leonardo Antunes
Em “A língua submersa” (Alfaguara, 2023), Manoel Herzog apresenta um Brasil pós-apocalíptico, dominado por fundamentalistas neopentecostais e marcado pelo aumento do nível das águas, que causou um sem-número de desastres e mais que dizimou a população humana. Esse ambiente de ficção científica é usado para contar histórias acerca dos sobreviventes brasileiros, que falam uma espécie de portunhol, são dominados pela influência chinesa e têm problemas e neuroses não muito diferentes das nossas próprias. Com o virtuosismo narrativo que marca seu já extenso rol de romances, Herzog nos oferece um olhar tão sarcástico quanto desolador a respeito do nosso futuro em potencial enquanto nação.

