VOL. 3, Nº. 8/2022
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A manchete está nos principais jornais do RS e do Brasil: “quase metade da população do RS não tem o hábito e leitura”, “metade dos gaúchos não tem o hábito de leitura”, “hábito de ler ainda não é prática comum para quase metade dos gaúchos”, e assim por diante. Obtidas da leitura dos dados de…
Nessa edição de Sepé, conversamos com o professor, músico e pesquisador Arthur de Faria. O Arthur acabou de autografar aquele que é o primeiro volume da sua “Biografia Musical de Porto Alegre”, numa edição da Arquipélago Editorial. Até aqui, é um projeto de quatro livros. Para saber mais do andamento de seu trabalho de pesquisa…
Leia mais PORTO ALEGRE: UMA BIOGRAFIA MUSICAL – entrevista com Arthur de Faria
O ensaio apresentado a seguir foi publicado em 2004,seis antes da morte da poeta Lara de Lemos, na revista Graphos – Revista da Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba. A predominância de uma política de esquecimento tem marcado o fim de regimes autoritários como o que se instalou no Brasil entre 1964 e…
Leia mais LARA DE LEMOS: O TENSO REMEMORAR DA DITADURA MILITAR NO BRASIL, por Katia da Costa Bezerra
Publicado pela editora Pragmatha e lançado em 2022, o livro de Boca Migotto nasceu de sua tese de doutoramentorealizada no PPGCOM da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Aqui, o capítulo introdutório do livro. Mas afinal sobre que é isso tudo? Minhas primeiras palavras para você que está acessando esse livro e, agora, inicia a…
Há um enigma no provincianismo. Em primeiro lugar, porque poucas pessoas saberiam defini-lo de forma precisa, assim no susto. Em segundo lugar, porque, apesar da indefinição, a ideia de provincianismo parece exercer um fascínio às vezes obsessivo sobre um grupo significativo e diversificado de indivíduos. De tempos em tempos, é possível vê-los por aí, apontando…
Do inédito “Uma escada de areia até o céu”, de Dilan Camargo, um dos contos que integra a coletânea que terá lançamento no dia 06 de novembro,na Feira do Livro de Porto Alegre. O livro traz uma seleção de contosque se equilibram num delicado trapézio no qual trafegam naturalmente imagens de um futuro em que…
Desde capa, a impactante pintura do uruguaio Juan Manuel Blanes,“A paraguaia”, anuncia que o mais recente livro de José Eduardo Degrazia,“Tia Gorda e Tia Magrinha na Guerra do Paraguai e outros contos de guerra, sonho, amores” irá tomar do leitor e fazer viagens (ou incursões) em temas que estão na históriae memória dos leitores gaúchos.…
Os poemas a seguir foram publicados em livros individuaise na antologia “Inventário”, publicação da TAN Editorial, de 2022. Porto Alegre (2013) Não te vejo mais e ainda te encontro, Porto Alegre.Não são teus lugares, talvez só as pedras do calçamento.Não são as avenidas congestionadas, mas as ruelas do centro. Não são os carros de cem…
De “Sal”, lançamento de Mar Becker pela editora Assírio Alvim,publicamos o poema “Annes” e a apresentação de Lawrence Flores Pereira. A palavra em desabrigo: algumas notas sobre Sal, de Mar Becker Lawrence Flores Pereira* Diante de Sal (Assírio & Alvim, 2022) e da poesia de Mar Becker: é como, depois de uma longa viagem, ver…
O verso penumbra que já foi um universo foi ouvido pelo poetano silêncio das ruínas quando visitou as Missões no outono de 1985.O poema, escrito lentamente nos meses seguintes,seria incluído em seu segundo livro, “Águas Siladas”,editado pela Movimento em 1992. 𝘌𝘯𝘵𝘳𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘴 𝘱𝘦𝘥𝘳𝘢𝘴, 𝘯𝘢𝘴 𝘦𝘴𝘤𝘶𝘳𝘢𝘴 𝘧𝘦𝘯𝘥𝘢𝘴𝘢𝘭𝘨𝘰 𝘴𝘶𝘮𝘪𝘶 𝘮𝘢𝘪𝘰𝘳 𝘲𝘶𝘦 𝘢 𝘙𝘦𝘢𝘭𝘦𝘻𝘢:𝘋𝘦𝘶𝘴, 𝘶𝘮 𝘗𝘰𝘷𝘰 𝘦𝘯𝘷𝘰𝘭𝘵𝘰 𝘦𝘮…
NÃO SE SABE Quando quero falar sério,digo que a vida é mistério. Em cada dia que se vive,tem tanto que não se sabe:aonde foi o dia de ontem;e o amanhã, por que vem tarde? Por que nasci nesse tempo,nesta cidade, entre tantas?Por que vou morrer um dia(nem um dia depois, nem antes)? Quando quero falar…
Leia mais 5 poemas de ‘EU É MUITOS OUTROS’, por Douglas Ceccagno
Fragmento do romance inédito Convivências Do diário de Raul. Um domingo de abril. Coloquei o braço para fora da janela querendo virar à esquerda, mas a cidade não reagiu, diante de nós um muro de concreto anunciava o impacto. Me senti sozinho. Fechei a janela e liguei a televisão, o noticiário traçou uma linha vermelha…
Lançado em outubro de 2022, o romance “Nada será como antes”concorre ao 7º Prêmio Kindle de Literatura. O e-book está disponível na Amazon no link: https://abre.ai/nadaseracomoantes Ela exige uma resposta. Todos os dias insiste no assunto, repetindo sempre a mesma pergunta no café da manhã. Todos os dias a sua voz persistente martela em minha…
DESALINHO Eu, que não sou nenhum grau 33dessas seitas políticas que exigemo beijo impresso atrás do Baphomet,a subserviência das palavrasde alminhas devotadas, cujos punhos,desvirginando nuvens, vêm proporbrindes de sangue e leite verborrágicos;como alcançar a condição de eleita?Eu, que não tenho sido a cidadãconsciente, e não conserto o mundo, e nãoseparo o lixo dos meus pensamentos;eu,…
Leia mais 5 poemas de ‘ENTRE MANDALAS, ESPADAS E UMA ESCADA CARACOL’, por Mariana Machado
“Há muitos livros ou artigos que dão a impressão de que o autor, antes mesmo de começar a escrevê-los, e, posteriormente, logo antes de enviar a obra para o prelo, pergunta-se com verdadeira ansiedade: ‘Eu estou na verdade?’ Há muitos leitores que, antes de abrir um livro, perguntam-se com verdadeira ansiedade: ‘Encontrarei aqui alguma verdade?’…
Leia mais De ‘VENEZA SALVA’ (Simone Weil), por Gabriela Porto Alegre
O verbete que segue está incluído em 24 Verbetes -Ocidente-, de Thomaz Albornoz Neves, publicado pela TAN Editorial, em Sant’Ana do Livramento em 2022. EUGENIO RICCI MONTALE (Gênova, 1896–Milão, 1981) foi o quinto filho de um pai viúvo, sócio de uma próspera empresa importadora de resinas genovesa. Por motivos de saúde abrevia seus estudos secundários.…
para trini Defender a alegria como uma trincheiradefendê-la do escândalo e da rotinada miséria e dos infamesdas ausências transitóriase definitivas defender a alegria como a um princípiodefendê-la do pasmo e dos pesadelosdos neutros e dos nêutronsdas doces infâmiase dos graves diagnósticos defender a alegria como uma bandeiradefendê-la do raio e da melancoliados ingênuos e dos…
Leia mais EM DEFESA DA ALEGRIA (Mário Benedetti), por Sidnei Schneider
Traduzi cinco poemas de Flaminia Colella, poeta italiana até este momento inédita no Brasil. Eles fazem parte do mais novo livro dela, que se chama Guerrafesta (ed. Cartacanta). Na sequência, há uma entrevista exclusiva com Flaminia. Nota-se logo a postura narrativa da poeta. Seus poemas são cenas. Situações cotidianas que, em versos enxutos e sintaxe…
Leia mais FLAMINIA COLELLA: ALGUNS POEMAS TRADUZIDOS E UMA ENTREVISTA, por Paulo Damin
UMA DAMA(“Ein Weib”, canção de Heinrich Heine. Versão de Mariana Machado, a partir da tradução de Wagner Schadeck) Ambos viviam uma paixão:Ela, bandida; ele, ladrão.Quando um trambique ele fazia,Ela, na cama, ria e ria. No ócio de dias sem proveito,À noite, estava ela em seu peito.Levaram-no à delegacia,Ela, à janela, olhava e ria. Fez-lhe um…
Como as coisas deste mundo são de natureza transitória e mortal, é evidente que todas, em si próprias e fora de si próprias, são geradoras de angústia ou de cansaço e sujeitas a perigos infinitos. (J. BOCCACCIO, Decameron, 1ª Novela, 1ª Jornada – Narrada por Pamfilo.) Gosto das exposições de arte porque elas, de modo…
Se o leitor que ora aqui chega já recebeu um jabe no queixo, está autorizado a abrir este livro e percorrer suas páginas, que são, geralmente, duras como gritos de protesto. E isso, sem esquecer que são poemas, então vai encontrar muita poesia pelo caminho, com todos os recursos da poética contemporânea. A estrutura dos…
Leia mais ‘ATAQUE – CALE-SE AGORA E PARA SEMPRE’ de Ivete Nenflidio, por Menalton Braff
Anos depois, ela diria que foram os olhos castanhos do recém chegado que a fisgaram tão logo se conheceram na residência do embaixador. Conversando com os amigos na biblioteca, envolto pela fumaça dos charutos, o homem colocaria as duas mãos na frente do próprio peito, pretextando abundância para mostrar aquilo que primeiro chamara a sua…
Leia mais COMO SE COMPORTAR COM AZEITONAS, por Gustavo Melo Czekster
pedrinhas desbastadas pela água da sangaonde rodopiam girinos e tampasde cerveja longe alguma bolita só de bici se percorre essa seara compridaque dobra a ladeira com bergamota na cestaporque o que se move gira néon sempiterna memóriacaleidoscópio construído com sobrasdo que se tinha Juliana Meira nasceu em 1981, no interior do Rio Grande do…
para Gustavo …nuvens por toda volta. Mas é só nuvens, não chove, chuva, só amanhã. O calor segue até o final de semana. Depois a gente entra em um período que vai até o final de maio… Abaixo o volume do rádio. Esse Cléo Khun, aposto que hoje chove. A porta do outro lado…
EM TEMPOS DE LUTO Naqueles tempos antigosquando a família perdia um membroas mulheres surgiam vestidas de pretoda cabeça aos pésas crianças ouviam gritos e odiavam o falecidoSabe-se lá se as velhas obrigavam as meninas-moças a gritaros sons delas pareciam fingidos de tão agudoscomo se os homens amados tivessem partido para uma revoluçãoOs gritos das mães,…
Mesmo com o andar dos anos, não alcançou mais aquela sensação de que o tempo estivesse detido, suspenso, nem mesmo nas grandes esperas que vieram depois. As horas deslizavam, naqueles verões à margem do rio, em um ritmo que, agora sabia, nunca pôde experimentar novamente. Chegava-se à casa, uma pequena chácara que a família mantinha,…
HÉCATE Só quem se desviou da rota principale pegou uns caminhos tortosé que pôde enxergaroutros céus, outras paragens,os azuis esverdeados,descoberta de um poetanavegando em barco bêbado.Também eu quisSentir o gosto das frutas interditasMe fui ou fui levada?Que dimensão era aquela?Entrava-se na íris das pessoase se via tudo por dentro,mente e coraçãoQue infinitos terríveis se abriram…
O conto intitula o livro “Mamãe trabalhava à noite”, em etapa de financiamento coletivo pelo catarse até 16 de outubro de 2022.https://www.catarse.me/mamae_trabalhava_a_noite_f00b?ref=project_linkLançamento previsto para novembro de 2022. Mamãe trabalhava à noite. “Cuide da maninha até eu voltar.” Sempre que faço sombras de lua, lembro-me dela. Ela só voltava na madrugada. Maninha chorava, maninha brincava. Mas…
GOTA MÍNIMA Dentre as gotas q caiam sobre a aridez da terraapenas uma tinha consciência de ser chuva.Precipitou-se, feito quem se acaba chorando. Isso.Inundou o mundo feito quem ama. Quando pequenaouvira narrar sobre histórias de lugaresdonde garoa q ousa não retorna.Lugares onde o lobo guará seduz a luae as salamandras exibem malabares no interior do…
Quando despertei, estava meio enjoado. Senti-me oprimido, como se estivesse enfiado numa tumba. Aos poucos, lembrei da truculência de nossos captores e das garras fortes que me haviam sujeitado; da agulhada no pescoço e das presilhas apertadas com que manearam minhas mãos e pés; dos gritos desesperados de Vítor, chamando por mim. Tentei mover-me, mas…
John Coltrane pronuncio teu nome, cravando sete relâmpagosnas tuas costas,pronuncio teu nome gemendo na camade um outro alguém, em uma conversa casualdigo que acho teu nome bonito.j o h n c o l t r a n e ecoa e ecoa pelo apartamentoq u a t r o ou c i n c o espasmosaguardo…
Fecho a porta deixando para trás o apartamento vazio e caminho pelo corredor do prédio com a mochila no ombro. Passei a noite em claro. Desta vez foi porque precisava terminar um artigo. Coisa para uma hora ou duas, no máximo. Atravessei a madrugada mas só comecei a trabalhar nele quando já era bem tarde.…
Leia mais COMO NUM VELHO FILME ESPANHOL, por Luís Augusto Farinatti
com quais palavras se deve escrever um poema?amor, dor, pássaro, florcabe tanta coisa na rima que não cabe na sonoridadefazer do poema uma cidadeonde há casas para todosonde a fome fica do lado de láonde todo mundo é digno de ler um poemaonde não faltam bibliotecas nem escolas.todo poema é uma utopiaem que habitam os…
Do alto do penhasco Ivan podia vislumbrar a linha tênue no horizonte, uma divisão translúcida entre o céu e o mar que ali se igualava à sua estatura. Nas primeiras horas da manhã o vento soprava favorável e arrepiava-o da cabeça aos pés, trazendo consigo recordações da infância. A ideia surgira de repente à época…
I Um lar tem duas facesviradas do avesso. De um ladoatividadesde engenhoe do outroo disparatede ainda se procurarpor sossego. II Complexofeito um corpo com sistema circulatóriobombas, ossose aparelho excretor. Há algo de desconhecidopor entre a alvenariada casa. III Pequenos consertose trejeitos são maisdo que necessários: uma casa desmoronapor forae por dentroem memóriae pensamentos. IV Vidrosmuito…
“Há uma margem para a aventurae para o acaso, como o senhor quiser”, disse o homem alto. Instruções a John Howell, de Júlio Cortazar Atravessou o rio, ofegante. Os passos que até a pouco ecoavam como marteladas na pedra sumiram, encobertos pela neblina que tomava a rua, o chão, tornava a fuga baça, confusa, a…
Transição Acordo com os primeirossons da manhão canto do pássaroabre o céucomo se descortinasse o diacom seu bico cantador A noite se encolhecom ela tua presençarecolhida no meu sonho. Ao luar Na janela semiabertaa luz trêmula da veladança prá luana garrafa de vidroum líquido corde sanguetesão das uvascolhidas ao luar. Mantra O clarear do céuabre…
Eu nasci e cresci numa cidade de colonização alemã no interior do Rio Grande do Sul, Brasil. No imaginário da minha infância, alguns vizinhos alemães mais velhos, que conversavam entre eles na sua língua original, poderiam ter sido nazistas. Muitos, ou todos, na verdade, eram descendentes de europeus e nunca tiveram contato com o partido.…
OBLIVION Esqueci os sons das palavras,Como consultar dicionários,Os nomes das borboletas. Hoje vigoram os ruídos,Os mergulhos dos afogados,A estridência dos espectros. Será preciso reconstituirA ingenuidade da ortografia,Os resquícios dos pergaminhos,A criação do alfabeto. Só então poderei nomearAs flores fecundadas no silêncio. DIMENSÃO Os olhos do felino veemAs franjas do invisível,Mesmo quando sonham,Ainda que indolentes,Os olhos…
Publicado originalmente no livro “Fake Fiction: contos sobre um Brasil onde tudo pode ser verdade”,coletânea organizada por Júlia Dantas e Rodrigo Rosp,publicado pela Não Editora, em 2020. Se descobrir que guardo minhas anotações com zelo semelhante ao pudor de adolescentes que escrevem diários secretos, dirá que sou gay. Para ela, andar de bicicleta, estudar nas…
Silenciosa como um vaso de floresNo quarto cheirando a vinho e cigarros.Desarrumou as gavetas, só pra arrumar de novo.Sob a luz da meia tarde as rosas murchamO mundo em chamas.Janelas verdes, ar parado, asas cortadasBorboleta aprisionada sob o vidro.Outro cigarro, outro filme, a noite se avoluma.O silêncio se intensifica, grita.Ninguém sabe do amanhecer, ciência inexata.A…
O conto integra o livro “Rastros de Estrela”, lançado em 2022 pela Território das Artes. Sei de muita coisa dita e não dita. Sou tão antiga, do tempo em que isso aqui estava longe de ser cidade ainda, era vila e se chamava Vila da Figueira. Sabia disso? O porquê do foguetório de ontem? É claro…
Os Delírios de Narciso Nasci nas ranhuras da montanha,Cresci nelas como um arbusto raquítico e seco,Minhas folhas, que são poucasExperimentaram o vento de todos os lugares,Pois sou o filho pródigo da fugaO inconsolado, o peregrino, o inconstanteDe olhos enormes e boca silenciosa como a noite. Filho da loucura do crepúsculo dos Deuses,Observo tudo de um…
Eu lembro da barba cinza do Capitão Espiritual e de seus polegares gordos a baterem um contra o outro bem na frente do meu rosto. A manobra, estranha e nitidamente ligada à clara intenção de amedrontar-me pelo gestual, era mais um de seus traços neuróticos e, por que não, uma roda a mais na engrenagem…
Memória Talvez você saia pela portadaquela casa estreita begeA madeira o vidro da saídaatrás de grades uma janela Fora uma funerária me lembrofaz tanto tempo prédio ao ladoDepois marmoraria faz sentidonão!, não faz sentido nenhumSaia depressa!, me dê as mãos Era outra época cá me senteiera dia de feira tocava músicasenhor ao lado chorava choravaporque…
Fabiano Evangelista inclinou o corpo sobre a mesa e fez um gesto ao qual a esposa, sentada ao seu lado, já estava habituada. Lucas, na frente dos dois, levou um copo de cerveja artesanal à boca e concluiu que devia se aproximar. “Vocês estão vendo aquele cara que está entrando ali?”, Fabiano alterou o tom…
CARTA AO CAFÉ Café aroma de larRitual, despedida de quem vai,Abraço a quem retornaCoffea arábica, Coffea canephora,Coffea liberica, Coffea dewevreiE as raças secretas de café Cremes, bolos, infusõesDrinks, balas, canapésReversa marihuanaDe santos, céticos e sahibs Aqueduto tônico odoropulsanteOdoropulsar:Café cuspidor de estrelas,Regurgitador de luzesFestim fenomenológicoReserva moral da literatura Sol do leite, do creme, do rumSol para…
“Como eu vim parar aqui de novo?”, respirei fundo, olhei para o canto superior do consultório, “eu lutei pra não estar aqui”. O sol a pino bateu no meu rosto, pedi para que a psicóloga fechasse as cortinas. Não chorei, contive as lágrimas. Não havia motivo para chorar. Lembrei que a última vez que estive…
Leia mais POR QUE OS HOMENS NÃO AMAM O PRESENTE?, por Gabriel Gonzaga
setembro ela tira a roupa, rebolaeles tiramavida do menino, põe a culpa em quem quisertirono péretire-se para o retirotiro na ruareator incandescenteretasrótulosrainha mortao povo rezaa nós não importabandeiras: verde e amarelo e vermelhogrito do Ipirangatelefone novonenhuma utilidade novaa raiva do reacionárioo genocidaainda genocida vida a vida é uma noiva sempre cansadano final a gente casa…
O conto intitula o livro “Peleias”, editado pela Martins Livreiroe ganhou o primeiro lugar no II Concurso de Contos Armando Mendonça 2020– promovido pela Casa do Poeta de São Pedro do Sul – Caposp.Será lançado na Feira do Livro de Porto Alegreno dia 03 de novembro, às 18 hs. Paco Diablo ajoelhou-se diante do córrego…
RELEMBRO Avó! Avó!Quando pego os fiosda linhae teço laços e nóscom a agulha de crochê que me destesvoltam a mimnós duas.Eu a teus pésadorando-te,teu silêncio negro,tua história de mansidão,de esquecimento de si,viva que estavasna sua descendência.“Olha a saliência!” PRAGA DO TIO BETINHO Seu filho da’zunha,seu filhote de cruz-credo,num vem si metê comigo,criar quizumba,que sou sobrinhade…
A aliteração é uma das características marcantes da poesia de Everton Cidade e isso se mantém, como uma tradição, no seu novo livro “Cohab Goya”. Mas concentrar-se nisso seria, no mínimo, preguiça de quem está lendo. Há muito mais por trás dos fonemas que se aproximam e se buscam numa brincadeira sem fim. Brincadeira de…
Leia mais EM QUAL COHAB MORA A TUA TRANSCENDÊNCIA?, por Vitor Eduardo Simon
Canção de despedida Quando o trem desaparecer na curvae o sol poente morrer atrás da montanhaquando os ruídos da casa cessareme restarem apenas murmúrios de velhose fragrâncias de saudadessairei de mansinhoaté desaparecer na vastidãodo nada Os relógios congelarão as horase rouxinóis deixarão no ar gorjeiosde despedida Tudo é instante – bem sei Alfa e Ômega…
A crônica integra o livro “Crônica de Um Mundo Ausente”,publicado pela editora Bestiário em 2022. Muito pouco convivi com a minha tia Terezinha. Quando ela faleceu, em 1990, eu tinha apenas 3 anos, e ela, 57. Guardo apenas algumas lembranças suas que, em forma de cenas aleatórias, estão grudadas na parede da minha memória. Lembro,…
Leia mais TINHA UM CAMINHO NO MEIO DA PEDRA, por Cristiano Fretta
Os ‘Contos da SEPÉ’ já podem ser adquiridos pela Diadorim Editora. Garanta o seu em https://bit.ly/3RpsVw6
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O Instituto Estadual do Livro apresenta aqui “A Literatura Sul-Rio-Grandense de 1976-2016”, obra que preenche uma lacuna significativa nos estudos sobre a literatura no Rio Grande do Sul. A obra delineia um panorama quantitativo e qualitativo de livros e autores publicados nas últimas décadas no estado e analisa os dados resultantes de forma clara e…
Leia mais A LITERATURA SUL-RIO-GRANDENSE DE 1976 – 2016: PRODUÇÃO, DISSEMINAÇÃO E CONSUMO
Em 2021, a tradicional Praça da Alfândega e seu pavimento de pedras portuguesas, no coração do Centro Histórico porto-alegrense, voltou a receber as barracas e estandes da Feira do Livro de Porto Alegre. Nessa edição da Sepé, convidamos a curadora do evento (neste e no ano anterior), Lu Thomé, para conversar a respeito do evento…
A poucos meses de que se iniciem as comemorações da Semana de Arte de Moderna de 1922, é e ao mesmo tempo não é custoso lembrar a efeméride e refletir um tanto acerca do impacto modernista na literatura rio-grandense. Como se sabe, trata-se de uma relação que não foi por aqui resolvida por uma arremedada…
Porto Alegre, maio de 2020. Como se pode contar a história da literatura brasileira hoje, neste começo de novo século? Os modelos tradicionais de relato historiográfico que lidam com o objeto literatura têm ainda algum sentido? Têm capacidade para abranger o que se produziu nos tempos mais recentes? Estão eles de algum modo atualizados no…
Leia mais De ‘DUAS FORMAÇÕES, UMA HISTÓRIA’, de Luís Augusto Fischer
Sempre acompanhei com algum ceticismo aquela surrada máxima de que “santo de casa não faz milagre”, mas sou obrigado a concordar com ela diante da trajetória de Aparício Torelli, o afamado Barão de Itararé. Pois a vida desse pioneiro do humor brasileiro começou justamente em terras gaúchas, ao nascer dentro de sacolejante carruagem que perdera…
Leia mais BARÃO DE ITARARÉ: UM RIO-GRANDINO, por Newton Alvim