Por Joselma Noal
Andréia Schefer, em seu segundo romance, constrói uma narrativa instigante com uma linguagem direta e fluente. Li o livro numa sentada e sem qualquer intervalo. Importante valorizar o projeto gráfico, além de uma capa original e significativa, a fonte e o papel tornam a leitura muito agradável, um diferencial do livro físico, mas voltemos à literatura da Andréia.
Em Nada será como antes o leitor mergulha na sociedade brasileira da década de oitenta aos anos dois mil, sem se afogar, vê (ou revê) as profundezas do mar e encontra muita sujeira escondida, no fundo do nosso Brasil. Um resgate necessário da memória da ditadura, narrado a partir da história individual das personagens. A busca pela reconstrução do passado, o desejo de conhecer as próprias origens é o que dá o gatilho para a história.
Cabe mencionar a estrutura narrativa, com capítulos intercalados em diferentes tempos e datados. A voz da protagonista, em diferentes etapas da vida, garante um toque especial ao nosso mergulho-leitor. A voz infantil não é tarefa fácil e a autora desenvolve-a com maestria. Em uma escrita simples, direta e fluente diz muito, é profunda no trato das relações humanas.
“Ela exige uma resposta. Todos os dias insiste no assunto sempre a mesma pergunta no café da manhã“, assim inicia a narrativa. A indagação reiterada da filha faz com que a protagonista, mãe, volte no tempo, mergulhe no recontar da vida. A obra trata da essência da humanidade, das posições políticas e do “perigo de acreditar em uma única história“, como está na página 64.
Se a literatura deve ser sempre um abrir de olhos, um enxergar além, o Nada será como antes, cumpre lindamente a missão. Me senti em um profundo e delicioso mergulho de olhos abertos com as palavras da Andréia Schefer.
O livro pode ser adquirido diretamente com a autora nas redes sociais ou no WhatsApp: @andreiascheferescritora 51 992446664

