Por Catia Schmaedecke
Há uma beleza pungente na intensa narrativa de Helenice Trindade em “Verbetes” ed. Bestiário, Porto Alegre RS, ano 2022.
Como na frase metafórica da página 35: “Nunca fui egoísta e fraca. Venço as dificuldades e procuro um dos sóis, aquele que a nuvem descobre.”
Dessa vez a autora reveste-se de coragem para desnudar a intimidade de uma união avassaladora, quando o intento de harmonia é covardemente destruído por um homem desrespeitoso e sem escrúpulos. E escancara de modo visceral a crueldade machista que permeia boa parte dos casamentos de ontem, de hoje e de sempre.
Em “Verbetes” Helenice ergue a voz do feminino ao revisitar um passado sombrio, de traição e humilhações, para sepultar definitivamente a sua dor. E, então, alia-se ao amadurecimento, quando renasce livre de amarras no presente, entregando o seu triunfo como oferta de uma fênix aos seus antagonistas.
A obra convida os leitores à reflexão sobre os relacionamentos, incentivando-os à busca pelo amor-próprio, e convoca as mulheres, em especial, a verbalizar todos os seus silêncios.
Envolvente, belo, imperdível, “Verbetes” é, por si só, um grito de liberdade.
Do texto de orelha:
Helenice Trindade, escritora gaúcha, é cronista e tem diversos contos publicados em antologias. O seu primeiro livro individual, “Dias múltiplos, nada comuns” (2018 – Bestiário/Class), foi objeto de pesquisa de dissertação de mestrado na UFSM/Frederico Westphalen. Verbetes é sua primeira narrativa longa.

